Não há sinais de que
Tutancamon tenha sido atacado.
Mas o mistério sobre sua morte persiste
Cairo - Os resultados das tomografias feitas na múmia
de Tutancamon não indicam que o jovem faraó, que reinou no Egito há cerca de
3.300 anos, tenha sido assassinado. Mas o mistério em torno da sua morte, aos
19 anos, parece longe de ser solucionado.
"É
virtualmente impossível provar como ele morreu", disse nesta terça-feira
Zahi Hawass, secretário-geral do Conselho Superior de Antiguidades do Egito, ao
anunciar as conclusões do estudo que começou há dois meses.
"Em
resposta às teorias de que Tutancamon teria sido assassinado, a equipe não encontrou
nenhuma evidência de qualquer pancada na parte posterior da cabeça ou outro sinal
de que tenha sido atacado", afirma o comunicado apresentado pelo conselho.
Em
entrevista, Hawass disse que os pesquisadores também consideram "extremamente
improvável" que o jovem faraó tenha sofrido um acidente e ferido
seriamente a região do tórax, como afirmam algumas teses.
Fratura e veneno
As
tomografias revelaram uma fratura no fêmur esquerdo que poderia ter ocorrido
pouco antes de sua morte e desencadeado um processo infeccioso capaz de matá-lo.
"Ainda que a fratura em si não tenha posto em risco sua vida, uma infecção
pode ter se estabelecido", diz o comunicado.
Mas
há controvérsias neste ponto: "Parte da equipe acredita que a fratura
possa ter sido causada pelos embalsamadores", ou seja, depois da morte de
Tutancamon.
Sem
provas concretas, restam os palpites. "Eu tenho duas teorias: ele deve ter
morrido de causas naturais ou foi envenenado", disse Hawass. "Nós
vamos estudar suas vísceras e verificar se os órgãos mostram algum sinal",
explicou ele, ressalvando que a possibilidade de sucesso é mínima.
Saudável
O
jovem faraó, segundo os pesquisadores, teve infância e adolescência saudáveis,
com boa alimentação e nenhum sinal de desnutrição ou doenças infecciosas.
Cresceu normalmente, sem desenvolver muito a musculatura.
Tutancamon
tinha uma pequena fissura no palato, mas não estava associada a nenhum tipo de
deformidade facial. Seus dentes incisivos eram grandes e o jovem tinha uma sobremordida
acentuada, considerada característica de outros reis de sua família. Os dentes
frontais inferiores eram ligeiramente desalinhados.
Os
pesquisadores consideram normal o formato alongado do crânio do faraó e concluíram
que a curva notada em sua coluna teria sido provocada pela maneira como os embalsamadores
posicionaram o corpo do jovem.
Glória
A
curta e gloriosa vida de Tutancamon desperta fascínio desde que sua tumba foi
descoberta, em 1922, no Vale dos Reis - em Luxor, sul do Egito - pelo
arqueólogo britânico Howard Carter. A descoberta trouxe à tona tesouros em ouro
e pedras preciosas.
A
equipe que escaneou a múmia do faraó é liderada por pesquisadores egípcios e composta
também por três especialistas europeus - dois italianos e um suíço. Eles
fizeram cerca de 1.700 imagens tomográficas da múmia. Este
foi o primeiro estudo do gênero feito sobre um membro da realeza egípcia. O conselho
não permitiu exames de DNA, apenas testes não invasivos na múmia.
A
linhagem de Tutancamon é considerada também uma questão polêmica. Não está
claro se ele é filho ou meio-irmão de Akhenaten, o faraó que instituiu uma
revolucionária forma de monoteísmo no Egito antigo e que era filho de Amenhotep
III.
Acredita-se
que Tutancamon foi o 12.º faraó da 18.ª dinastia do Egito Antigo, e que teria
ascendido ao trono com 8 anos de idade para morrer aos 19, em 1323 a.C.
Agencia Estado,
08 Março 2005